Dados do Trabalho
TÍTULO
Perfil sociodemográfico de mulheres que tiveram cesárea por desejo materno após início da Lei 17.137
OBJETIVO
Avaliar as características sociodemográficas das mulheres que realizaram cesárea por desejo materno, em uma maternidade de baixo risco durante os primeiros seis meses de vigência da Lei 17.137 do estado de São Paulo. Essa Lei garantia à gestante a possibilidade de optar pela cesárea, a partir de 39 semanas de gestação, mesmo sem indicações médicas.
MÉTODOS
Estudo descritivo, corte transversal, realizado em uma maternidade de baixo risco, em Ribeirão Preto – SP, com características favoráveis ao parto adequado, humanizado e taxas de cesárea entre 32-38% nos últimos anos. Foram coletados dados de prontuários médicos de puérperas e seus recém-nascidos cujo parto ocorreu entre agosto de 2019 a janeiro de 2020. As variáveis provêm dos nascimentos no serviço público e na análise descritiva foram dispostas em número, desvio-padrão e frequência. O estudo foi aprovado no comitê de ética institucional.
RESULTADOS
Foram avaliados 538 nascimentos, um natimorto no período, 281 evoluíram com parto normal (52,2%) dos quais 18 (6,4%) tiveram uso de vácuo extrator ou fórceps e 257 realizaram cesárea (47,7%). Observou-se um aumento de 12% nas taxas de cesáreas nos 6 primeiros meses da Lei em vigor, 98 das 257 cesáreas, foram por desejo materno. As puérperas tinham em média 26,6 ± 5,8 anos, um quarto se autodeclarou preta ou parda, 81% tinham união estável, 74,5% com 8-12 anos de escolaridade e 67% exerciam trabalho remunerado. Metade das mulheres eram primíparas, 37% com cesárea prévia e sem comorbidades. Apenas 10,2% das gestantes que realizaram cesárea a pedido, estavam na fase latente do trabalho de parto e a grande maioria, cerca de 95%, fizeram cesáreas eletivas. Em relação ao puerpério, 8% evoluíram com alguma complicação, dentre as quais, cita-se: rotura uterina, hipotonia uterina, endometrite, infecção de parede abdominal e necessidade de hemotransfusão. Dos recém-nascidos, 18,4% tiveram desconforto respiratório, 2% infecção neonatal, 11,2% necessitaram de internação em Unidade de Cuidados Intermediários e 40% tiveram mais de 48 horas de internação, média de 3 ± 0,8 dias.
CONCLUSÕES
O perfil das gestantes que optaram pela cesárea por desejo materno durante a vigência da Lei 17.137 é de mulheres na menacme, brancas, em relacionamento estável e que exercem trabalho remunerado. A maioria das cesáreas foram eletivas, 8% tiveram complicações maternas e desfechos negativos neonatais que aumentaram dias de internação hospitalar.
PALAVRA CHAVE
parto, cesárea, comportamento materno
Área
OBSTETRÍCIA - Obstetrícia Geral
Autores
Mariana Marcelino Riccio, Victória Sabino Marchesi, Gustavo Boscariol Manetta, Beatriz Santos Francisco, Juliana Arenas de Carvalho Augustin, Giordana Campos Braga