59º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia

Dados do Trabalho


TÍTULO

Síndrome de Ballantyne: um relato de caso

CONTEXTO

A síndrome de Ballantyne, ou do triplo edema, é uma condição rara, definida pela associação entre hidrópsia fetal, hidrópsia placentária e edema materno generalizado. É mais comum a partir do segundo trimestre, e resulta em elevada morbimortalidade perinatal e materna. A etiologia ainda é indefinida, podendo estar associada a isoimunização Rh, síndrome de transfusão feto-fetal, infecções virais, entre outros, além de ser um diagnóstico diferencial com pré-eclâmpsia. O quadro clínico materno envolve edema generalizado, hipertensão, hipoproteinemia, oligúria, edema agudo de pulmão, anemia e hemodiluição, proteinúria, edema pulmonar, elevação de transaminases, trombocitopenia. O diagnóstico sindrômico é clínico, a partir do triplo edema, e sua resolução se dá a partir do tratamento da hidrópsia fetal, quando há uma causa definida, ou interrupção da gestação.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Secundigesta, 34 anos, em curso da 17ª semana, procurou atendimento médico devido a dor abdominal e ortopneia há 5 dias, além de ganho de 8kg em um mês. Apresentou picos pressóricos de difícil controle, plaquetopenia e aumento de transaminases e USG demonstrando ascite materna, edema (espessamento) placentário, além de alterações fetais: ascite, edema de alças intestinais, aumento da área cardíaca e dilatação de ventrículos laterais cerebrais. Levantada hipótese de síndrome de Ballantyne e, devido a descompensação materna importante, optado por interrupção terapêutica da gestação com misoprostol, com eliminação de material amorfo, e curetagem. No puerpério, houve melhora clínica e laboratorial progressiva. Excluídas infecções virais agudas e isoimunização Rh, achado de beta-HCG aumentado levantou a hipótese de doença trofoblástica gestacional, não confirmada devido a indisponibilidade de exame histopatológico no momento da interrupção, sendo acompanhada em ambulatório especializado, recebendo alta 6 meses após beta-HCG negativo, conforme protocolo do serviço.

COMENTÁRIOS

Destaca-se a baixíssima prevalência da síndrome, com poucos casos descritos no mundo, e fisiopatologia ainda incompreendida, sendo um grande desafio diagnosticar e tratar o binômio mãe-feto, havendo necessidade de uma alta suspeição clínica diante do quadro de edema triplo (materno, fetal e placentário), para evitar situações catastróficas com alta morbimortalidade materno-fetal. Diante de etiologia não esclarecida e piora importante do quadro clínico materno, interromper a gestação pode tornar-se a única opção.

PALAVRA CHAVE

Síndrome de Ballantyne; Hidrópsia fetal; Triplo edema

Área

OBSTETRÍCIA - Gestação de Alto Risco

Autores

MARIA LUIZA BEZERRA MENEZES, THIAGO CESAR PARENTE SARAIVA, MARIA LUÍZA WANDERLEY DE SIQUEIRA VESPAZIANO BORGES, CAMILLA KARLLA SILVA LINS

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