Dados do Trabalho
TÍTULO
Desfechos gestacionais em mulheres com Doença Falciforme acompanhadas em ambulatório especializado
OBJETIVO
Descrever os resultados da gestação em mulheres com Doença Falciforme (DF) acompanhadas em ambulatório especializado após 3 anos de funcionamento do serviço.
MÉTODOS
Estudo de corte transversal em um ambulatório de referência no Recife, com 43 mulheres com DF, entre agosto de 2020 a julho de 2021. A coleta dos dados foi feita por consulta aos prontuários e contato por telefone para solicitação de consentimento e complementação das informações. Foram coletadas variáveis sociodemográficas, ginecológicas e obstétricas, variáveis relacionadas às complicações clínicas e complicações da gestação e dados dos recém-nascidos. Os dados foram analisados no programa Stata v.12.1. As variáveis foram distribuídas em tabelas de frequência absolutas e relativas e medidas de tendência central e dispersão. A associação entre a frequência de consulta pré-natal e desfechos gestacionais foi avaliada pelo teste quiquadrado considerando significância estatística de 5%. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisas sob o número do CAEE: 33468320.3.0000.5201.
RESULTADOS
As mulheres tiveram média de idade de 25,9 anos (DP: 5,8), variando de 16 a 39 anos. O genótipo predominante foi HbSS (67,5%). O diagnóstico da doença ocorreu em média aos 5,9 anos de idade, variando desde o nascimento até uma que só teve seu diagnóstico aos 30 anos. As mulheres se autodeclararam pardas ou pretas em sua maioria (88,4%). Estudaram em média 10,3 (DP:2,1) anos, sendo 76,7% com ensino médio. A maioria estava casada ou em união (77,7%) e sem ocupação remunerada (88,4%). A menarca foi mais tardia que a população geral, com média de 13,7 (± 1,9) anos, indo de 9 a 18 anos. A maioria (67,4%) estava na primeira gestação. Como desfechos da gestação, duas (4,6%) terminaram em aborto e 41 (95,3%) tiveram parto, sendo a maioria parto cesariano (73,2%) e a termo (53,7%). Entre as complicações durante a gestação houve alto percentual de necessidade de transfusão (76,7%) e crise álgica (65,1%). Infecção ocorreu em 19 gestantes (44,2%). Não houve nenhum óbito materno e houve um óbito fetal (parto normal, prematuro, 34 semanas). A maioria (n=27; 65,8%) recebeu alta com a mãe. O percentual de mulheres que amamentou foi de 87,8%. Não houve diferença nos desfechos gestacionais quando se avaliou pelo número de consultas (p>0,05).
CONCLUSÕES
Os desfechos da gestação das mulheres com DF acompanhadas em ambulatório especializado tiveram evolução satisfatória, assim como a evolução dos recém-nascidos.
PALAVRA CHAVE
Anemia Falciforme; Doença da Hemoglobina S; Doença Falciforme/complicações; Complicações Hematológicas na Gravidez.
Área
OBSTETRÍCIA - Obstetrícia Geral
Autores
Ariani Impieri Souza, Mariana Fonseca Montenegro, Mariana Almeida Neves, Maria Beatriz Martins Medeiros, Flavia Anchielle Carvalho Silva, Manuela Freire Hazin-Costa, Ana Laura Carneiro Ferreira