Dados do Trabalho
TÍTULO
Impacto da pandemia COVID-19 no diagnóstico de câncer de mama em Campinas, Brasil
OBJETIVO
Avaliar o perfil de diagnósticos dos casos de câncer de mama durante a pandemia COVID-19 em usuárias do SUS/Campinas em 2020, em comparação com o mesmo período do ano anterior.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo de corte transversal de casos diagnosticados pelo principal serviço de referência para diagnóstico de câncer de mama do SUS/Campinas, São Paulo, Brasil. Foram analisados dois períodos: Março a outubro de 2019, período pré-pandêmico, e março a outubro de 2020, período pandêmico. Foram incluídas todas as mulheres diagnosticadas no serviço, que realiza cerca de 80% dos diagnósticos de câncer de mama do SUS. Os dados foram coletados por meio do sistema de informações do serviço. Para descrever a amostra foram utilizadas frequências, valores de média e desvio padrão (DP). Foram utilizados os testes Qui-Quadrado ou Exato de Fisher, e o teste de Mann-Whitney. CAAE 89399018.2.0000.5404.
RESULTADOS
No período pré-pandêmico e pandêmico foram diagnosticadas com câncer de mama 115 e 59 mulheres, respectivamente. A média de idade ao diagnóstico foi de 55 anos em 2019 (DP 10) e 57 anos em 2020 (DP 12) (p=0,339). A história familiar de câncer de mama esteve mais presente no período pandêmico (9,6% 2019 vs 29,8% 2020, p<0,001). Na pandemia os casos diagnosticados foram mais frequentemente sintomáticos (50,4% 2019 vs 79,7% 2020, p<0,001), apresentavam mais frequentemente massas palpáveis (56,5% 2019 vs 79,7% 2020, p=0,003) e foram diagnosticados através de mamografias diagnósticas (47,0% 2019 vs 81,4% 2020, p<0,001). a média de dias desde o início dos sintomas até a mamografia nos casos sintomáticos foram de 234 dias (DP458) em 2019 e 152 dias (DP152) em 2020 (p=0,871). Menos casos de tumores in situ foram diagnosticados na pandemia (21,7% 2019 vs 13,6% 2020, p=0,193). A frequência de tumores tipo luminal A foi menor no período pandêmico (29,2% 2019 vs 11,8% em 2020, p=0,018), e a de tumores triplo negativos foi duas vezes maior na pandemia (10,1% 2019 vs 21,6% 2020, p=0,062). A frequência de tumores positivos para receptores de estrogênio na pandemia foi menor (82,2% 2019 vs 66,0% 2020, p=0,030). As demais características morfológicas avaliadas não apresentaram variação significativa.
CONCLUSÕES
A pandemia COVID-19 impactou na redução do diagnóstico de câncer de mama em 48,7% na população estudada. As mulheres diagnosticadas eram mais frequentemente sintomáticas e tinham história familiar de câncer de mama. A frequência de tumores do tipo A luminal foi menor.
PALAVRA CHAVE
Câncer de Mama
Imunohistoquímica
COVID-19
Risco de Câncer de Mama
Área
GINECOLOGIA - Mastologia
Autores
Erika M Negrao, Livia Conz, Cesar Cabello, Edmundo C Mauad, Juliana O Fernandes, Luiz C Zeferino, Diama B Vale