Dados do Trabalho

TÍTULO

TUMOR DE CÉLULAS DA GRANULOSA: UM DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE SANGRAMENTO PÓS-MENOPAUSA

CONTEXTO

O tumor de células da granulosa é um tumor ovariano de células germinativas produtor de hormônios sexuais, mais pronunciadamente o estrogênio. Sabe-se, neste contexto, que o hiperestímulo estrogênico é capaz de produzir diferentes respostas em pacientes em extremos de idades, sendo estimulador do endométrio em pacientes pós-menopausa e indutor da puberdade precoce em pacientes pré-púberes. Esse conhecimento muda a abordagem diagnóstica dessa doença, uma vez que a apresentação clínica pode diferir pronunciadamente em cada paciente portadora.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente feminina de 69 anos, hipertensa crônica, dislipidêmica, obesa, última menstruação aos 50 anos, encaminhada a ambulatório de especialidade por sangramento pós-menopausa. À ecografia transvaginal realizada, evidenciava-se endométrio heterogêneo, com espessura de 1,3 cm, bem como ovário de 11,9 x 10,1 x 5,4 cm, multisseptado, à esquerda. Realizou-se biópsia de canal endocervical com pinça de Novak visando exclusão de malignidade, a qual revelou uma hiperplasia simples sem atipias. Em seguida, realizou-se ooforectomia bilateral com histerectomia abdominal, que evidenciou tumor de células da granulosa restrito ao ovário, não ultrapassando túnica albugínea, sem outras particularidades quaisquer.

COMENTÁRIOS

Evidencia-se, neste caso, a importância do conhecimento em relação às peculiaridades do tumor de células da granulosa e de sua característica produtora de estrogênio como diagnóstico diferencial das possíveis causas de estímulo endometrial em pacientes pós-menopausa. O estrogênio sérico, em níveis aumentados haja vista a produção tumoral, estimula as células endometriais gerando a hiperplasia e, por conseguinte, o sangramento após a menopausa. Retirado o tumor, o estímulo desaparece, e o endométrio tende a recrudescer à atrofia típica do período pós-menopausa. Assim, o tratamento objetivado passa a focar na malignidade ovariana, e não na endometrial, como mais comumente se associa o sangramento após a menopausa.