Dados do Trabalho
TÍTULO
Neoplasia intraepitelial cervical grau III decorrente de HPV de baixo risco oncogênico: achado incomum.
OBJETIVO
O câncer cervical é a terceira neoplasia mais prevalente entre as mulheres. Apresenta íntima relação com o papilomavírus humano (HPV), que atua como agente precursor. Existem mais de 207 genótipos, classificados de acordo com sua capacidade de evoluir para o carcinoma, como de alto risco ou de baixo risco oncogênico. O vírus expressa alguns genes como o E6 e E7, responsáveis pela imortalização celular. As lesões intraepiteliais cervicais (NIC) são classificadas conforme o grau de acometimento epitelial, em NIC I, NIC II e NIC III. As NIC III são, na grande maioria, decorrentes dos HPV de alto risco, sendo raramente desencadeadas pelos de baixo risco. O diagnóstico precoce pode ser obtido pela citologia oncótica ou por captura híbrida, que avalia a carga viral e identifica o tipo de HPV. Esse método apresenta sensibilidade de 98,1% e especificidade de 97,6% e proporciona melhor seguimento das lesões já que o HPV de alto risco está associado com a progressão para neoplasia do colo. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar, através do exame de captura híbrida, a presença das NIC III que se originaram de HPV de baixo risco.
MÉTODOS
Trabalho aprovado pelo Comitê de Ética sob o registro CAAE: 90629218.8.0000.5383. Foram selecionadas 39 pacientes com citologia oncótica positivas para NIC III e confirmadas por biópsia dirigida. A captura híbrida foi coletada após a confirmação da NIC III pela biópsia. Inicialmente, foi calculada a porcentagem de NIC III cujos exames prévios de captura híbrida resultaram em HPV de baixo risco. Após, foi realizado um estudo de reprodutibilidade diagnóstica segundo resultados dos exames que classificaram o HPV em baixo e alto risco. Foram estimadas as proporções de concordância observada (po), concordância esperada (pe) e a estatística kappa (κ) classificou o nível de concordância entre os dois exames. Utilizou-se o software STATA 12.1.
RESULTADOS
Com relação aos achados de HPV de baixo risco e o desenvolvimento da NIC III, das 39 pacientes, 08 (20,51%) foram classificadas previamente como HPV de baixo risco. Com relação ao estudo de concordância diagnóstica, ao se comparar as classificações dos resultados de HPV (baixo e alto risco) e da captura híbrida (negativa e positiva), observou-se po= 82,43%, pe= 50,07%, resultando em κ= 0,65 (sκ= 0,1162), ou seja, verificou-se concordância significativa (valor p=0,0005).
CONCLUSÕES
A NIC III, precursora do câncer cervical, pode ser decorrente do HPV de baixo risco.
PALAVRA CHAVE
Neoplasia intraepitelial cervical, captura híbrida, NIC III, papilomavírus
Área
GINECOLOGIA - Patologia do Trato Genital Inferior
Autores
Welington Lombardi, Gabriela Arruda Silva, Carolina Fernanda Silva, Luciana Borges Lombardi, Carla Freitas, Flavia Vicentin Silva