Dados do Trabalho
TÍTULO
Lesão hepática aguda em gestante de 26 semanas: um desafio diagnóstico em contexto de pandemia
CONTEXTO
A lesão hepática aguda é caracterizada pela elevação das aminotransferases e por alteração na função do fígado, com aumento de bilirrubinas, coagulopatia e encefalopatia. A gestação pode contribuir para uma reação de maior gravidade, desse modo, a etiologia deve ser reconhecida para correto manejo do quadro, porém, nem sempre isso é possível.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Primigesta, idade gestacional de 26+1, 24 anos, branca. Avaliada em hospital particular de Curitiba-PR em 16 de maio de 2021 com queixa de febre, diarreia e vômitos com início após 5 dias da primeira dose da vacina de RNA mensageiro contra Covid-19, Pfizer. Previamente hígida, normotensa e sem intercorrência no pré-natal, pós-bariátrica por técnica by-pass gástrico em 2016 com evolução pós-cirúrgica adequada. Em uso de paracetamol 4,5g/dia para a febre e AAS (aspirina) contínuo para prevenção de pré-eclâmpsia, por histórico materno de eclâmpsia associado à primiparidade. Ao exame estava em regular estado geral e teve teste diagnóstico RT-PCR para SARS-CoV-2 negativo. No dia seguinte retornou ao hospital com piora, levemente ictérica e instável. RT-PCR para SARS-CoV-2 novamente negativo, ALT/AST elevadas, ultrassonografia abdominal com dilatação pielocalicial leve, sem outras alterações, ultrassom obstétrico normal. Encaminhada para Unidade de Terapia Intensiva, iniciado protocolo de sepse, por hipótese diagnóstica de insuficiência hepática aguda com causa a esclarecer. No dia 18, novos exames revelaram acidemia, distúrbios hidroeletrolíticos e piora do estado geral. No dia 19, optado por cesárea para interrupção da gestação, visto o quadro hepático em progressão e elevado risco de óbito materno, e laparotomia exploradora, sem sinais clínicos que sugerissem processo infeccioso, com retirada de tecido hepático e placentário para análise histopatológica. Após cirurgia, em UTI, inicialmente estável, evoluiu com instabilidade, icterícia progressiva, acidemia grave de difícil reversão e óbito às 19h12.
COMENTÁRIOS
O caso ilustra uma gestante que faleceu por lesão hepática aguda de etiologia desconhecida. As hipóteses diagnósticas são pós-vacina, medicamentosa ou por SARS-CoV-2. Exposta a complexidade do quadro e o desafio em contexto de pandemia, não é possível chegar a um diagnóstico final. A COVID-19 ainda apresenta incertezas para os profissionais da saúde. Porém, com a ascensão das vacinas, é preciso atentar-se nos seus potenciais efeitos colaterais e na assistência necessária para resolvê-los.
PALAVRA CHAVE
Coronavírus, COVID-19, vacina, lesão hepática aguda, gestação
Área
OBSTETRÍCIA - Gestação de Alto Risco
Autores
Jennifer Klassen Boeing, Giovana Rezende Fernandes Costa, Amanda Schuchovski Ribeiro, Nicole de Oliveira Santos, Diego Esteves dos Santos