Dados do Trabalho
TÍTULO
Imunização artificial materna contra SARS-CoV-2 e repercussão fetal - um relato de caso
CONTEXTO
Um dos grupos de risco que requer atenção especial contra a infecção por SARS-CoV-2 é o das gestantes. Uma questão preocupante acerca de tal temática é se a vacinação seria eficaz para desenvolver anticorpos com a capacidade de atravessar a barreira transplacentária para o feto ou recém nascido. Este trabalho tem como objetivo relatar o caso de uma paciente internada no Hospital e Maternidade Jaraguá na qual, após ser imunizada artificialmente contra a COVID-19, encontraram-se anticorpos IgG contra o SARS-COV-2 em sangue de cordão umbilical do recém nascido.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Paciente AFSJ, 28 anos, primigesta, dentista, sem comorbidades, pré-natal de risco habitual. Vacinada contra a COVID-19 por ser profissional da área da saúde (grupo prioritário) tendo recebido o imunizante da CoronaVac - Instituto Butantan, sendo a primeira dose em 18/04/2021 (com 32 semanas de idade gestacional) e a segunda dose após quatro semanas em 16/05/2021.
Deu entrada na maternidade no dia 04/06/2021 com idade gestacional de 38 semanas e 6 dias e queixa de perda de líquido via vaginal. Encaminhada para cesariana por opção materna. Após o clampeamento do cordão umbilical foi coletado amostra de sangue para pesquisa de anticorpos IgG e IgM anti-SARS-COV-2 no recém nascido, cujo resultado foi positivo para anticorpos IgG 178,4 AU/mL (anexo 1), com titulação de neutralização de anticorpos em 37% (anexo 2).
COMENTÁRIOS
Infelizmente, não há estudos acerca da eficácia e segurança no uso dos imunizantes até então desenvolvidos contra o novo Coronavírus em gestantes e puérperas. Em contrapartida, a administração da vacina contra DTPa (tétano, difteria e coqueluche) em gestantes possui alto nível de segurança e eficácia, além de estar associada à presença de anticorpos no recém nascido, proporcionando-lhe proteção contra essas doenças (1). É consenso atual a recomendação de que gestantes recebam esta vacina durante o período gestacional.
Ademais, por se tratar de uma vacina produzida com vírus inativado, efeito semelhante poderia ser esperado após a aplicação da CoronaVac contra a COVID-19, entretanto, ainda carecem estudos para tal comprovação. Também é válido ressaltar que ainda não existem dados e estudos suficientes que evidenciem qual a legítima incidência da transmissão transplacentária de anticorpos adquiridos após a vacina contra a COVID-19 e o seu impacto na imunidade adquirida do RN. Dessa forma, faz-se necessária a realização de estudos longitudinais prospectivos.
PALAVRA CHAVE
COVID19, CoronaVac, Vacinação
Área
OBSTETRÍCIA - Obstetrícia Geral
Autores
Heloise Martins Carvalho, Liz Caroline Oliveira Camilo, Luis Fernando Silva Rodrigues, Bárbara Gerlach Silva Ziemath