Dados do Trabalho
TÍTULO
Uso de metformina no tratamento de gestantes diabéticas em um hospital terciário em dois períodos.
OBJETIVO
Avaliar desfechos gestacionais entre dois períodos, antes e após alteração de conduta em relação à maior prescrição de metformina para gestantes diabéticas em detrimento da insulina, a fim de contribuir para a assistência prestada a essas pacientes.
MÉTODOS
Estudo transversal com 771 parturientes diabéticas em um hospital da região central do Rio Grande do Sul. Os dados foram obtidos em dois períodos: período 1, de janeiro de 2017 a junho de 2018 (n=507), e período 2, de janeiro de 2020 a janeiro de 2021 (n=264), por meio de entrevistas e análise de prontuários eletrônicos. Foram avaliados desfechos gestacionais referentes à prescrição de metformina e insulina em gestantes diabéticas. Realizou-se análise descritiva das variáveis e associação verificada pelo teste qui-quadrado, com nível de significância 5% (p <0,05).
RESULTADOS
Das pacientes avaliadas, a maioria era composta por Diabetes Mellitus (DM) gestacional: 88,6% no período 1 e 92,8% no período 2. Das pacientes diabéticas, 8,9% fizeram uso de metformina no período 1 e 26,5% no período 2 (p<0,0001). Observou-se, entre os períodos estudados, aumento do uso de metformina, de 8,9 para 26,5% (p<0,0001) e redução do uso de insulina de 28,6 para 5,3% (p<0,0001). Quanto ao número de consultas pré natais, 89,7% das gestantes realizaram 6 ou mais no período 1, e 94,1%, no período 2. Em ambos os períodos, a via de parto predominante foi a cesariana, correspondendo a 64%. Os resultados perinatais não diferiram entre os períodos do estudo. No período 1, a macrossomia fetal ocorreu em 9,3%, a reanimação neonatal foi necessária em 2,8% e a admissão em UTI neonatal em 7,7%. No período 2, a macrossomia fetal ocorreu em 3,1%, a reanimação neonatal foi necessária em 4,2% e a admissão em UTI neonatal em 9,8% dos casos. Não houve diferença nas taxas de morte fetal e morte neonatal.
CONCLUSÕES
Na comparação entre os períodos estudados, houve aumento do uso da metformina acompanhado da redução do uso da insulina, sem piora nos desfechos perinatais. Desta forma, a conduta vigente no hospital vai ao encontro das evidências atuais, que recomendam o uso de metformina no tratamento de DM durante a gestação, por ser um hipoglicemiante oral de baixo custo e fácil conservação quando equiparado à insulina. A praticidade e o custo-benefício da metformina favorecem a adesão ao tratamento e, conforme demonstrado neste estudo, seu uso não resulta em desfechos gestacionais desfavoráveis.
PALAVRA CHAVE
Metformina; Desfechos Gestacionais; Diabetes Mellitus
Área
OBSTETRÍCIA - Gestação de Alto Risco
Autores
Renatha Araújo Marques, Nathaly Michaela Melo da Conceição, Sigriny Victória Rezer Bertão, Daniela Assumpção Flain, Patrícia Faggion Schramm, Jéssica Marder, Cristine Kolling Konopka