Dados do Trabalho
TÍTULO
Edema Agudo Pulmonar na gestação: um relato de caso
CONTEXTO
O edema agudo pulmonar (EAP) é uma síndrome grave decorrente do preenchimento alveolar por líquidos. As gestantes podem, fisiologicamente, desenvolver essa patologia, tendo em vista as modificações gravídicas: aumento do volume plasmático e redução da pressão coloidosmótica materna. A literatura associa o uso de tocolíticos e corticoesteroides à maior ocorrência de EAP em gestantes. Apresentamos um caso de uma paciente com hipertireoidismo diagnosticado durante a gestação, que evoluiu com EAP.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Gestante, 21 anos, em sua 3ª gestação, 2 partos prévios, 2 consultas de pré-natal, usuária de cocaína, apresenta-se à maternidade com 30 semanas e 6 dias com um quadro de Trabalho de Parto Prematuro (TPP). Iniciado tratamento com nifedipino, profilaxia para ESB e corticosteróide, evoluiu no 3º dia de internação para parto normal sem episiotomia. Nasceu neonato feminino, pesando 1552 kg, Apgar 8/9, encaminhado para UTI neonatal. No puerpério imediato, a paciente cursou com dispneia, tosse, hipertermia, sudorese, palidez e taquicardia, necessitando de ventilação por máscara. À tomografia computadorizada, evidenciou-se derrame pleural bilateral e focos com atenuação em vidro fosco na medular de ambos os pulmões, compatíveis com o diagnóstico de EAP. Os exames laboratoriais demonstraram quadro de tireotoxicose. A puérpera recebeu manejo em UTI, seguido de regime de enfermaria, evoluiu bem e teve alta com cuidado programado em atenção básica.
COMENTÁRIOS
O uso de tocolíticos está diretamente associado com a ocorrência de EAP, porém, independentemente, nifedipino e sulfato de magnésio apresentam maiores riscos. O TPP é reconhecido como um fator de risco isolado para EAP, assim como o uso de corticosteróide antenatal. Nesse cenário, o hipertireoidismo descompensado pode atuar como uma condição contribuinte. Ademais, sabe-se que o edema pulmonar gera maior necessidade de cuidados em UTI neonatal. O uso de cocaína é associado a ocorrência de prematuridade, mas não de EAP. Ainda, a tireotoxicose, pode ser um fator de mau prognóstico, visto que níveis normais de hormônios da tireoide são essenciais para mudanças estruturais no cérebro fetal e aumenta o número de resultados perinatais adversos. Logo, o presente relato corrobora com os dados da literatura, evidenciando a importância de mais estudos científicos sobre o tema em vista da morbimortalidade que circunda o EAP na gestação.
PALAVRA CHAVE
Edema Agudo Pulmonar
Área
OBSTETRÍCIA - Obstetrícia Geral
Autores
Gabriella Marques Monteiro, Brendha Zancanela Santos, Carolina Menezes Nunes, Ana Carolina Drehmer Santos, Natália Tonn, Ana Elisa Hartmann, Rita de Cássia Fossati Silveira Evaldt, Bruna Huppes