Dados do Trabalho
TÍTULO
INVERSÃO UTERINA AGUDA COM EVOLUÇÃO PARA HISTERECTOMIA SUBTOTAL
CONTEXTO
A inversão uterina é uma patologia rara, associada a elevada letalidade materna, e caracterizada pela introversão do útero em dedo de luva, em que a região fúndica invagina em direção ao endométrio. O evento ocorre durante o terceiro estágio do trabalho de parto. Quando o reposicionamento do útero não é imediato, o quadro pode evoluir com hemorragia pós-parto, instabilidade hemodinâmica e choque, exigindo reparo imediato e adequado.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Paciente TFS, sexo feminino, 19 anos e 10 meses, admitida no Hospital Estadual de Presidente Prudente, às 22 horas do dia 25/03/2021. G2P1NA0, com primeiro parto em 2019, recém-nato do sexo feminino e com peso ao nascer de 3.459 gramas. Gestação atual de risco habitual, com idade gestacional de 39 semanas e 6 dias, tendo realizado 11 consultas de pré-natal. Foi internada na fase ativa do trabalho de parto, evoluiu sem intercorrências até o período expulsivo. Na assistência à dequitação da placenta, foi realizada tração controlada do cordão. Logo após a tração, foi observada a saída da placenta na vulva acolada ao fundo uterino. Imediatamente após o diagnóstico da inversão uterina, foi realizada anestesia geral para tentativa de reposicionamento uterino por meio da manobra de Taxe, sem sucesso. Em seguida, foram inseridas compressas cirúrgicas na cavidade uterina, como outra tentativa de reversão, porém sem sucesso também. Diante da instabilidade hemodinâmica materna, evidenciada por índice de choque de 1.3, com risco iminente de morte, foi realizada laparotomia e histerectomia subtotal. O procedimento foi realizado sem maiores intercorrências e a paciente recebeu alta hospitalar no terceiro dia pós-parto.
COMENTÁRIOS
No caso apresentado, é provável que inversão uterina ocorreu devido à tração do cordão umbilical, já que a paciente era jovem, multípara e não apresentou alteração no estudo anatomopatológico. Não houve tentativa da manobra de Huntington, o que certamente impôs uma importante perda sanguínea adicional, inerente à histerectomia realizada em útero puerperal. Este fato pode correlacionar com a necessidade de treinamento das equipes assistenciais no sequenciamento adequado das manobras. Apesar destes aspectos inerentes ao manejo do presente caso de inversão uterina aguda, é possível concluir que, mesmo a paciente tendo perdido a fertilidade em idade jovem, a histerectomia proporcionou a sua sobrevida. O estudo apresentado é uma importante fonte capaz de fornecer informações que agregam no tratamento de pacientes futuros.
PALAVRA CHAVE
Inversão uterina; Instabilidade hemodinâmica; Manobra de Taxe; Histerectomia
Área
OBSTETRÍCIA - Obstetrícia Geral
Autores
Laura Fernandes da Cunha Carvalho, Naara Rodrigues Fernandes da Cunha, João Marcelo Martins Coluna, Álvaro Luiz Lage Alves