59º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia

Dados do Trabalho


TÍTULO

Autonomia e relação médico-paciente na indicação de episiotomia do parto: relato de caso

CONTEXTO

O uso da episiotomia de rotina vem sendo cada vez mais desencorajada em partos não instrumentalizados devido à falta de indicação para tal procedimento e a uma maior tendência à humanização do parto vaginal com menor intervenção possível. As indicações do procedimento são: evidência de sofrimento fetal, progressão lenta e insuficiente do trabalho de parto e lesão iminente de períneo, e só pode ser realizado mediante autorização da paciente.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

Paciente do sexo feminino, 27 anos, nulípara, idade gestacional de 40 semanas, é admitida na maternidade por dor abdominal em baixo ventre e perda líquida vaginal, sendo diagnosticado o trabalho de parto. Paciente bem instruída quanto aos direitos de um parto humanizado, com pré-natal realizado adequadamente sem intercorrências e foi enfática na proibição da realização de episiotomia durante o período expulsivo. O trabalho de parto evoluiu em 16 horas, com período expulsivo prolongado e paciente em posição de litotomia. Mesmo após a explicação da necessidade da realização da episiotomia pelo aumento do tempo durante o período expulso, a paciente não autorizou o procedimento e foi feita a manobra de Ritgen para proteção do períneo. Após a expulsão fetal, foi notada uma extensa laceração mediana de Grau IV, envolvendo reto, esfíncter anal e parede vaginal posterior. Recém-nascido nasceu com 2804 gramas e 48 centímetros, APGAR 08/09. Paciente foi submetida a cirurgia de correção de laceração e colostomia, evoluindo bem às medidas terapêuticas.

COMENTÁRIOS

Apesar da tendência de diminuir a prática desnecessária da episiotomia durante o parto, seu uso quando bem indicado pode reduzir as chances de laceração perineal. A divulgação midiática e os produtos acerca do tema podem causar aversão ao procedimento e a recusa completa da técnica mesmo quando há indicação, como aconteceu no caso. A relação médico-paciente torna-se prejudicada na medida em que a paciente traz consigo conceitos inflexíveis, limitando a discussão acerca da realização do procedimento. O pré-natal é a oportunidade de discutir e prover informações baseadas em evidências científicas sobre o parto e as possíveis técnicas envolvidas, incluindo a episiotomia, mediante vínculo e linguagem adequada. Dessa forma, a não realização do procedimento quando indicada adequadamente é tão prejudicial quanto a sua utilização desnecessária.

PALAVRA CHAVE

Relações Médico-Paciente; Episiotomia; Parto Normal.

Área

OBSTETRÍCIA - Obstetrícia Geral

Autores

HUMBERTO CABRAL DE OLIVEIRA FILHO, GERRY ALEX DE ARAÚJO MAIA, HERON ALVES VALE, EMILIE QUEIROGA QUEIROGA, BRENO VINÍCIUS DIAS DE SOUZA, ELISIO BRITO DE MEDEIROS GALVAO, ANAISA DANTAS DA SILVA DIAS

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