59º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia

Dados do Trabalho


TÍTULO

Gestação Heterotópica Espontânea: Relato de Caso

CONTEXTO

A gestação heterotópica(GH) é uma condição obstétrica caracterizada pela concomitância de prenhez tópica, intrauterina, e uma gravidez ectópica. É um quadro raro, sobretudo, na ausência de métodos de reprodução assistida. O diagnóstico é realizado através da ultrassonografia(USG), dosagem dos níveis de Beta–hCG e sintomatologia.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

RSC, 23 anos, G2P1, no curso de 6 semanas. Procurou emergência devido dor abdominal de forte intensidade, com piora rápida e progressiva que impossibilitava deambulação, associada a lipotimia. Apresentava regular estado geral, com abdome distendido e doloroso com sinais de irritação peritoneal. Ao toque vaginal, dor à mobilização dos anexos e fundo de saco abaulado. B-hCG positivo. Trazia USG obstétrica do dia anterior com embrião na cavidade uterina, BCF:104 bpm, CCN:0,28 cm, colo uterino fechado, sem imagem dos anexos. Hemoglobina 7 mg/dL, hematócrito 23%. Indicada laparotomia exploradora de urgência. No trans-operatório, identificado massa anexial em trompa esquerda com rotura da trompa, área sangrante e útero de aspecto gravídico, realizado salpingectomia esquerda. Paciente evoluiu estável, sem complicações, com evolução favorável da gestação, hoje, no curso de 29 semanas e 3 dias.

COMENTÁRIOS

GH é uma condição rara em que há gestação ectópica simultânea a uma gestação intra-uterina. Incidência varia de 1:30.000 em gestações espontâneas, 1:900 em uso de indutores de ovulação e 1:100 em caso de técnicas de reprodução assistida. No caso descrito, a gestação foi espontânea e não havia presença de outros fatores de risco para ectópica. O estudo ultrassonográfico ainda é o método de escolha para avaliação inicial e diagnóstico dessas pacientes, entretanto por se tratar de um exame operador dependente é passível de falhas como no caso relatado. Atualmente, não há consenso sobre a melhor abordagem frente à GH, porém em caso de diagnóstico precoce, pode-se escolher entre conduta expectante, cirúrgica e aspiração do embrião ectópico guiada por USG associada ou não à drogas. No caso da paciente, os sinais de abdome agudo foram a indicação de cirurgia de urgência. A conduta cirúrgica tem como vantagem permitir retirada completa do tecido trofoblástico, todavia apresenta maior taxa de abortamento da gestação intrauterina(14.8-35%). A gestação heterotópica mesmo sendo rara, é um diagnóstico que deve ser bem pesquisado, quando realizado de forma precoce permite condutas menos invasivas, impactando diretamente na morbimortalidade materna e fetal.

PALAVRA CHAVE

Gestação heterotópica

Área

OBSTETRÍCIA - Obstetrícia Geral

Autores

Bárbara de Almeida Duarte, Lorena de Morais Vitoriano, Isnara de Sá Leitão Pinheiro de Gouveia, André Marques Paulino De Araújo, Henrique José Moreira Barbosa, Luiza de Rezende Mizuno, Laissa Wane Cavalcante Rebouças

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