Dados do Trabalho
TÍTULO
ASSISTÊNCIA AO PARTO DE GESTANTE GRAVE COM COVID-19 EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: RELATO DE CASO
CONTEXTO
O cenário da infecção por Covid-19 foi declarado pela Organização Mundial de Saúde como pandemia. Tal doença tem manifestação clínica variável desde quadros assintomáticos até pneumonia viral e sepse. A gravidez está associada a casos mais graves devido às alterações fisiológicas inerentes à gestação assim como o puerpério também demanda atenção frente a gravidade dos casos nessa fase.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
T.C.R.M, 42 anos, terceira gestação e dois partos normais prévios, internada com 26 semanas e 3 dias de idade gestacional, em Unidade de Terapia Intensiva com Síndrome Respiratória Aguda Grave por Covid-19 necessitando de intubação orotraqueal. Avaliação fetal com peso estimado de 1005g, dopplerfluxometria e líquido amniótico normais. Corticoide prescrito devido á prematuridade. Evoluiu com rotura prematura de membranas ovulares espontânea e início de atividade uterina com assistência ao trabalho de parto. Parto vaginal assistido em leito de unidade de terapia intensiva com nascimento de recém-nato masculino, pélvico, 1038g, apgar 5/7. No puerpério apresentou crises convulsivas associadas a déficits neurológicos focais, hemianopsia homônima a direita, mononeuropatia do nervo fibular comum esquerdo e tetraparesia hipotônica pior a esquerda sugerindo diagnóstico de Síndrome da Encefalopatia Posterior Reversível e Polineuropatia do Paciente Crítico. Após tratamento multidisciplinar obteve melhora clínica seguida de alta hospitalar e acompanhamento no ambulatório de Neurologia.
COMENTÁRIOS
Grávidas e puérperas têm maior chance de internação hospitalar, necessidade de terapia intensiva e óbito por serem grupo risco para Covid-19. As complicações obstétricas mais descritas são: trabalho de parto prematuro/prematuridade, rotura prematura de membranas ovulares, restrição do crescimento fetal, pré-eclâmpsia e óbito. É importante conhecer o comportamento clínico da doença e os sinais de gravidade para melhor condução dos casos sabendo que essa infecção não determina a interrupção imediata da gestação nem a via de parto. O parto normal pode apresentar melhor resultado clínico devendo ser priorizado em função da cesariana exacerbar a resposta inflamatória sistêmica e, consequentemente, piorar o estado materno. O parto em unidade de terapia intensiva torna-se uma alternativa quando não há condição clínica de deslocamento da paciente, apesar de ter associação com maior taxa de infecção e necessidade de adaptação do local para suporte materno e neonatal.
PALAVRA CHAVE
Covid-19. Gestação. Terapia Intensiva. Parto.
Área
OBSTETRÍCIA - Doenças Infecciosas
Autores
Mônica Breta Motta, Annita Martins Rocha Torres, Isabella Vilhena Cerviño, Maria Victoria Do Rego Barros Valle, Rachel Horowicz Machlach, Carolina Carvalho Mocarzel, Leilane Delgado Lota