Dados do Trabalho
TÍTULO
Acompanhamento após inserção ou retirada de dispositivo intrauterino é dispensável?
CONTEXTO
Os dispositivos intrauterinos (DIUs) são métodos anticoncepcionais reversíveis, bem tolerados e de alta eficácia. Sua inserção e retirada são procedimentos seguros, se realizados por profissionais capacitados. Complicações graves, como perfuração uterina e fragmentação do dispositivo, são raramente observadas. Contudo, o acompanhamento pós inserção e\ou retirada não deve ser negligenciado.
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
EBR, G0P0A0, 24 anos de idade, antecedente de inserção de DIU de cobre aos 16 anos, com retirada após 1 ano. Refere que profissional teve dificuldade para retirar dispositivo e paciente apresentou sangramento vaginal abundante, desde então vinha sem acompanhamento ginecológico. Há 4 meses, buscou serviço para colocação de novo DIU, que ocorreu sem intercorrências, não realizou exame de imagem ou acompanhamento pré e pós inserção. Procurou serviço, referindo dor abdominal há 3 semanas, dor de forte intensidade, em pontada e progressiva. Apresentava regular estado geral, estável hemodinamicamente, abdome flácido, doloroso à palpação de região do hipogástrio, sem sinais de abdome agudo. Foi realizada ultrassonografia(USG) transvaginal que demonstrou leve distensão líquida da cavidade endometrial, DIU normoposicionado e imagem linear hiperecoica na parede fúndica miometrial com extensão até camada serosa, medindo 1,1 cm, indicando segmento fraturado de DIU antigo. Foram prescritos doxiciclina e metronidazol junto a anti-inflamatórios para atenuação do quadro agudo e marcada cirurgia eletiva para retirada do DIU.
COMENTÁRIOS
Apesar de controverso, o acompanhamento de usuárias de DIU é importante. No caso, paciente sem avaliação ou USG pós-retirada e pré-inserção evoluiu com complicações raras. Não é possível afirmar que a conduta evitaria fragmentação do DIU ou perfuração uterina, mas certamente diminuiria risco e impacto das mesmas. A fragmentação do DIU costuma ocorrer quando esse está mal posicionado e, no momento da retirada, apresenta resistência, como ocorreu no caso. Por isso, deveria ter sido solicitado USG para paciente. A conduta frente ao DIU fragmentado deve ser retirada do pedaço remanescente do útero, as opções são retirada manual guiada por USG ou histeroscopia. No caso em questão, devido já existir perfuração por fragmento em serosa indicou-se abordagem cirúrgica laparoscópica. Em suma, o DIU é um método reversível, seguro e barato, todavia, é preciso estar atento à possíveis complicações e acompanhar de perto suas usuárias.
PALAVRA CHAVE
Dispositivo intrauterino, fragmentação de dispositivo intrauterino, perfuração intrauterina
Área
GINECOLOGIA - Contracepção
Autores
Bárbara de Almeida Duarte, André Marques Paulino de Araújo, Isnara de Sá Leitão Pinheiro de Gouveia, Laissa Wane Cavalcante Rebouças, Rodrigo Marinho Coelho de Medeiros, Luiza de Rezende Mizuno, Henrique José Moreira Barbosa, Karen Beatriz Pires Gurgel