Dados do Trabalho

TÍTULO

SÍFILIS E DESDOBRAMENTOS DRAMÁTICOS NA GESTAÇÃO: UM RELATO DE CASO

CONTEXTO

A Sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST), curável e previsível, causada pela Treponema pallidum, cujas manifestações possuem diferentes estágios em indivíduos não diagnosticados e tratados oportunamente, com risco de progressão para formas mais graves. Nos últimos anos observou-se um aumento considerável de casos da doença, persistindo como grave problema de saúde pública, incluída nas doenças que mais acometem o período gravídico-puerperal. A transmissão vertical, Sífilis Congênita, pode ocorrer em qualquer fase da doença, maior nas etapas iniciais da infecção, podendo cursar com complicações, como prematuridade, baixo peso ao nascer, aborto espontâneo, natimorto e óbito perinatal em 40% dos casos, em decorrência das deficiências no atendimento pré-natal e tratamento incompleto pré ou pós-gestacional.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

NOF, 16 anos, hígida, G1P0A0, IG 24 semanas e 1 dia, com pré-natal iniciado tardiamente, por não aceitação da gestação, e com exames laboratoriais pendentes até a avaliação. Comparece ao hospital com queixa sangramento róseo em moderada quantidade horas antes. Apresentou teste rápido para sífilis e VDRL reator com título 1:16, com ultrassonografia sem alterações. Iniciada primeira dose de penicilina benzatina, no esquema de 3 doses. Referida redução de movimentação fetal, 24 horas após, com bradicardia fetal à ausculta, confirmada com ultrassonografia que evidenciou também sofrimento fetal agudo, com hepatomegalia, ascite, hiperecogenicidade de alças intestinais, sangue hipercecogênico nas câmaras cardíacas e lentificação do fluxo, edema de subcutâneo e espessamento placentário. Após decisão compartilhada quanto ao prognóstico e inviabilidade fetal, iniciou-se interrupção de gestação, com indução do parto com misoprostol e expulsão de natimorto hidrópico e edemaciado.

COMENTÁRIOS

Apesar da disponibilidade do diagnóstico e tratamento da Sífilis no Sistema Único de Saúde, casos da doença associados ao óbito fetal têm sido amplamente observados. O caso descrito vai ao encontro do aumento progressivo dos casos de IST, com desfecho desfavorável pelo diagnóstico tardio da gestação e doença, com pré-natal iniciado tardiamente. Destaca-se a importância de facilitar o acesso das gestantes ao pré-natal e aos exames protocolados e preconizados pelo Ministério da Saúde para rastreio e detecção de doenças com transmissão vertical, de modo reduzir índices de mortalidade perinatal.