Dados do Trabalho
TÍTULO
Alterações de microbiota vaginal em mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
OBJETIVO
Determinar a prevalência das alterações de microbiota vaginal e descrever características sociodemográficas de mulheres atendidas no SUS.
MÉTODOS
Estudo transversal realizado entre novembro/2020 a julho/2021 no ambulatório de Ginecologia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e no ambulatório SUS do Hospital São Vicente de Paulo, Passo Fundo-RS, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFFS (CAAE: 3.501.252). Foram estudadas mulheres, não gestantes, atendidas para realização de citologia cérvico-vaginal e/ou que buscavam atendimento por leucorreia/prurido/queixas menstruais, que passaram por exame especular. Excluiu-se mulheres em uso de antibióticos nos últimos 40 dias, sem abstinência sexual de pelo menos 72 horas e com epitélio atrófico. As questões sociodemográficas e de saúde foram coletadas por questionário pré-codificado. As alterações de microbiota foram analisadas em microscopia óptica no esfregaço de conteúdo vaginal, após coloração de Gram, e o padrão de microbiota foi determinado pelos Escores de Nugent. Os dados foram digitados duplamente em planilha eletrônica e analisados pelo programa PSPP. A análise estatística descritiva constitui-se de distribuição de frequências relativas e absolutas.
RESULTADOS
Foram estudadas 68 mulheres com idade média de 40,7±12,1 anos, sendo a maioria branca (57,4%), que sabem ler e escrever (95,6%), que possuem companheiro (91,2%), que trabalham ou estão em beneficio (60,3%), não tabagistas/ex-tabagistas (77,9%) e não etilistas (66,2%). Quanto à atividade sexual, 92,6% eram sexualmente ativas e 89,7% possuíam somente 1 parceiro sexual nos últimos 12 meses. A maior parte das mulheres (63,2%) referiu não utilizar preservativos durante as relações sexuais e 69,1% relataram fazer uso de algum outro contraceptivo. A vaginose bacteriana (VB) foi evidenciada em 27,9%, sendo VB escore 7-8 em 19,1% e VB escore 9-10 em 8,8% das participantes. A flora normal foi identificada em 57,4%, a flora intermediária apresentou-se em 5,9% e a candidíase em 8,8% das mulheres.
CONCLUSÕES
Conclui-se que a frequência de alterações de microbiota vaginal é alta em mulheres atendidas pelo SUS. Considerando que muitas alterações podem ser assintomáticas, sugere-se que a incorporação de tal avaliação no SUS, um método simples, rápido e de baixo custo, que poderá beneficiar mulheres ao trazer maior especificidade de diagnóstico relacionado a queixas vaginais, e oferta de exames complementares no campo saúde da mulher.
PALAVRA CHAVE
Saúde da Mulher, Vaginose Bacteriana, Candidíase, Técnicas de Laboratório Clínico, SUS
Área
GINECOLOGIA - Atenção primária
Autores
Maria Eduarda Lêmes Mora, Andréia Jacobo, Daniela Augustin Silveira, Giovana Paula Bonfantti Donato, Gustavo Olszanski Acrani, Ivana Loraine Lindemann, Silvane Nene Portela, Jossimara Polettini