59º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia

Dados do Trabalho


TÍTULO

Relato de uma interrupção legal de gestação no 2º trimestre após falha de diversos métodos.

CONTEXTO

De acordo com o IBGE, entre os anos de 2011 e 2019 ocorreu um aumento de 59% do número absoluto de estupros no Brasil, por isso a importância de se abordar esse tema e os métodos para interrupção legal da gestação, uma vez que estas representam 0,5 a 5% do total de casos de violência sexual. Ademais, é importante discutir os métodos empregados para tal propósito e o papel dos métodos mecânicos na interrupção legal da gestação, como alternativa ou como associação aos métodos farmacológicos em gestações de 2º trimestre.

DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS

G.F.S.L., 26 anos, G1, admitida no ambulatório de violência sexual do Hospital das Clínicas da UFMG em junho de 2021, com relato de relação sexual não consentida em abril de 2021, com gestação fruto da violência constatada em junho de 2021. Realizou ultrassonografia em 30/06/21 para datação de gestação, sendo verificada inserção placentária baixa, recobrindo orifício interno do colo uterino. Admitida em 03/07/21 para interrupção legal da gestação com novo US demonstrando placenta bilobulada, com componente membranáceo recobrindo colo, que se encontrava fechado. Realizada indução com misoprostrol 400 mcg, via vaginal em 8 doses, sem modificação cervical, seguida de 8 doses por via oral, e esquema de ocitocina Caldeyro-Barcia, também sem alteração do quadro. Recebeu alta hospitalar em 08/07/21 e foi readmitida em 10/07/21, com realização de novo US demonstrando placenta distando 7mm do orifício interno do colo. Foi realizado método Krause, guiado por US, sob sedação em bloco obstétrico. Associou-se métodos farmacológicos, com inserção de 800 mcg de misoprostrol e, posteriormente, novo esquema de ocitocina concentrada em altas doses. Evoluiu com expulsão do balonete após 12 horas, e fetal após 36 horas. Foi realizada curetagem uterina, intercorrida com sangramento aumentado, corrigido com uterotônicos, sem outras intercorrências.

COMENTÁRIOS

As principais instituições de ginecologia e obstetrícia mundiais sugerem como método preferencial para o abortamento de 2º trimestre, quando disponível equipe médica capaz, o abortamento cirúrgico por dilatação e evacuação, precedido de preparo cervical medicamentoso. Enfatizando que o abortamento apenas medicamentoso também é seguro. Diversos estudos recentes, entretanto, tem evidenciado também ampla segurança e benefício no uso do misoprostol associado método mecânico, como opção de abordagem. Dessa forma, muitos estudos ainda são necessários para elucidar a melhor maneira de realizar o abortamento de 2º trimestre.

PALAVRA CHAVE

Abortamento legal; métodos de interrupção; misoprostol; Krause

Área

OBSTETRÍCIA - Obstetrícia Geral

Autores

Guilherme Bese Moreira, Sara de Pinho Cunha Paiva, Stephanie Kneipp Lopes da Silva, Karen Pereira Rezende

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