Dados do Trabalho
TÍTULO
Relato de caso de gestação heterotópica concebida naturalmente em primigesta
CONTEXTO
A gestação heterotópica é uma condição rara, mas pontencialmente grave. Deve fazer parte do diagnóstico diferencial de dor pélvica, sangramentos do primeiro trimestre e patologias não obstétricas. Uma gestação intrautero não descarta a possibilidade de uma gestação heterotopica
DESCRIÇÃO DO(S) CASO(S) ou da SÉRIE DE CASOS
Trata-se de uma paciente de 30 anos, primigesta, cuja gestação concebeu-se de forma espontânea, sem história previa de infecções sexualmente transmissíveis e sem comorbidades. Deu entrada no pronto socorro obstétrico com oito semanas e dois dias com queixa de dor em pélvica há dois dias. Ao exame físico: Pressão arterial de 114/68mmHg , frequência cardíaca de 84 bpm, sinal de Blumberg negativo e ausência de sangramento via vaginal.
Realizado ultrassonografia transvaginal que evidenciou a presença de saco gestacional intrauterino contendo embrião único, vivo, com comprimento cabeça-nadega de 16mm. Em topografia anexial direita visualizado ovário e corpo lúteo paraovariano e uma massa heterogênea com pequena imagem hipoecogênica em seu interior sugestiva de saco gestacional, sem fluxo ao doppler, de limites precisos, medindo 23 x 22x 31mm e volume de 8.68ml. Não havia liquido livre em cavidade pélvica. Também foi realizado a quantificação da gonadotrofina coriônica humana cujo resultado foi 68.938mUI/mL
O caso foi conduzido com videolaparoscopia com salpingectomia a direita. No ato cirúrgico foi visto tuba uterina parcialmente rompida e presença de pequena quantidade de coágulos em pelve
COMENTÁRIOS
A gestação heterotopica é definida como uma gestação na qual há dois ou mais sítios de implantação distintos. Pode incluir duas gestações ectópicas ou, mais comumente quando uma gestação apresenta-se de forma ectópica e outra localiza-se na cavidade uterina.
Estima-se que a gestação heterotópica tenha incidência em cerca de 1 em 30.000 gravidezes e esse valor vem aumentando nos últimos anos devido a disseminação de técnicas de reprodução assistida e também com a forte associação a patologias tubárias.
Os sinais clínicos são inespecíficos e incluem dor pélvica, sangramento vaginal, massas anexiais a esclarecer e sinais de irritação peritoneal.
A conduta cirúrgica é a mais utilizada, pois cerca de metade dos casos de gestação heteropicas são diagnosticadas após ruptura tubária. O uso de metotrexate está contraindicado devido à repercussão da medicação na gestação intrauterina. O controle expectante também torna-se impreciso pois não é possível acompanhar os títulos de beta-hCG.
PALAVRA CHAVE
Gravidez heterotópica, gravidez ectópica; primiparidade
Área
OBSTETRÍCIA - Obstetrícia Geral
Autores
João Victor Jacomele Caldas, Daniela Vinhaes dos Reis, Luiza Graça Coutinho da Silva, Bruna Siqueira de Abreu Brito Guimarães, Milena Giuberti Bathomarco, Luisa Diniz de Souza Grossi, Fernanda Costa Amado, Júlio Elito Júnior